" Sente o sangue pulsar, sabendo que está vivo. Enquanto vivo ficar, pensando estará"

quinta-feira, 8 de julho de 2021

O velho e o moço

 É quase chocante entrar em contato com os meus textos do passado. Nas últimas vezes que escrevi aqui, devia estar sofrendo por relações finalizadas. Antes disso, passei anos afastado. Cada texto, cada virgula errada, cada ideia que ficou e cada uma que mudou, faz parte de uma cadeia tão brilhante que eu mal consigo expressar em palavras. Ler os meus próprios textos, lá, no passado, é como ler um novíssimo livro, repleto de revoluções em cada uma das palavras. 

Seria essa a prova metafórica do paradoxo no espaço-tempo? Eu, hoje, tão maduro, percebo que tenho tanto a aprender com minha antiga e jovem consciência. 

Passei a vida toda acreditando que tinha que fazer o meu passado se orgulhar do meu futuro.
Hoje, entendo que é o presente que se orgulha do passado. Brilhante, em tantas irregularidades.

Como a mente humana é louca, né?

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

é preto
            e branco
o vestido dela,
ombro     aos     joelhos
o mundo ao redor dela

e eu também
e o chão não existe
e o céu não existe
preto
         e branco

meio passo de dança para frente,
perna esquerda rodando para trás;
atravessa
            como
                   lança
olho n'olho
corpo mexe, peito mexe
cabelo mexe, boca mexe
olho não;

olho n'olho

olho que ganha cor
azul esverdeado meio mel
daqueles
preto
       e branco

por metafísica
por osmose
por magía
por amor
ou qualquer tipo de energia

usa a retina de canal
olho n'olho, um túnel
entra como tempestade
alaga. devasta.
tatua nos quatro cantos do córtex
do cerebelo
das memórias
dos planos
do futuro
do ego
do alterego
do superego

tatua tua cara
tua voz
teu cheiro
teu olho
n'olho

na porra toda
e vai embora;
em preto
e
branco


terça-feira, 17 de outubro de 2017

O Caos - 1. Abriu o olho e não viu nada. Na verdade, viu o teto, que mais parecia o nada. Por quê?
A Causa - 2. Já são 6 horas. São 6 horas. Retomar as rédeas da liberdade. Liberdade de quem?
A Calma - 3. Todos ao seu redor parecem cansados. Deram seu melhor. Sentem dor. Mas qual dor?
A Cruz - 4. Se encerra a última música. Uma nova reprodução de uma velha canção. Até?

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1. Os pensamentos são mais atemporais do que costumamos imaginar. O tempo que gastamos com a mente passa mais rápido do que com qualquer outra coisa. Não dá pra levantar daqui tão fácil, mas no fim acabo cedendo. Eu sempre acabo cedendo. Sempre. Banheiro, água no rosto, espelho, água no rosto, tempo. Perco mais tempo na mente. Encaro o fundo do olho do reflexo. Entro na sua cabeça; perfuro sua carcaça; invado sua alma; encontro uma sala em breu como as pupilas já não tão dilatadas: vazio. Será por isso a sensação? Volto para a água. Visto a roupa, saio de casa, ascendo um baseado.
É mais fácil aceitar o mundo como ele é quando adultero minha sensibilidade.
É mais fácil entender a situação quando você está chapado. As conclusões são mais claras.

Sigo pra onde os pés me levam.

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2. Já nem ligo mais pro sol. Vê-lo é algo tão irrelevante quanto as horas que gasto nesse lugar se tornam para mim. No final da noite, é tudo preto e branco. Os demônios, os cansaços, os medos, as fronhas e os cobertores. Entro no meu carro e passo pela revista de todos os dias. Eu não estou roubando nada, nunca. Tenho certeza disso. Tudo ok, faz parte. É o procedimento. O céu é azul quase escuro quando faço a curva na saída. A beira do rio deixa a natureza menos distante. Pena que o rio tá morto. Sigo a rota, enfrentando as luzes dos outros carros. Permito-me pensar que dentro de cada um desses automóveis há uma alma como eu. Uma engrenagem. Uma peça que se decepcionou mais uma vez ao vender outro milésimo da sua essência para o sistema. Clichê? Ah, o sistema... Coloco uma música pra tocar, mas eu sempre erro nisso. Essas musicas que eu amo, sempre me lembram...
É mais fácil aceitar o mundo como ele é quando adultero minha sensibilidade.
É mais fácil entender a situação quando você está concentrado. As conclusões são mais claras.

Sigo pra onde os pneus me levam.
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3.  Pelo menos o sol se foi. Se não tivesse ido, estaríamos piores. Satisfaço-me com o esgotamento. Esgotamento e dedicação estão no mesmo ciclo de ações e reações.
     Muitas pessoas me saúdam e se vão. Muitos permanecem ali. Há um grupo grande: Vida nas faces. Sorrisos no rosto de uns; Dor nos gemidos de outros; Tristezas nos corações de todos. Será? Acredito que todos enfrentem suas tristezas e, quando passam por cima delas, guardem-as em caixas lacradas no fundo do coração, esperando que uma memória de armadura, montada em uma lembrança dolorosa, finque uma espada afiada nessas caixas e permitam que as dores voem por aí novamente. É quase um ciclo sem fim. Só acaba com a morte. Sigo com eles até o bar mais próximo. Gosto da cerveja, das risadas e dos assuntos triviais. Tomo mais um gole e engulo quase seco. Por quê?
É mais fácil aceitar a vida como ela é quando adultero minha sensibilidade.
É mais fácil entender a situação quando você está embriagado. As conclusões são mais claras.

Sigo pra onde meu corpo me leva.

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4. O suor escorre por trás da orelha e incomoda.Os cabelos voltam ao normal, fora do padrão de beleza. Cabelo ruim. Abraços e carinhos; Eles gostam de nós - repito pra mim mesmo. São 3 ou 4 pessoas a quem agradamos. São pessoas que sentem, amam, se drogam e sofrem, assim como nós. Por que vieram até aqui? Qual a prioridade? Me sento por minutos. Levanto e me retiro, disperso.
Noite, luz, álcool, gente. Augusta. Um gole. Outro gole. Papel amargo - deixa derreter. Música alta, música muito alta, música alta pra caralho. Eu amo música. Me entrego pras memórias. Me entrego pras lembranças. Deixo os arranjos destruírem toda a minha sanidade enquanto meu sangue vira serpentina. As cores são mais cores. Os toques são mais toques. Os graves são mais graves. Os agudos nem existem. As moças são mais belas. Nada me importa. A música me leva pra onde eu não consigo chegar: se agarra na capa e arranca pelas beiradas toda e qualquer camada de exclusão. Injeta sensações que se agarram no passado e pinta com endorfina uma falsa esperança de paz. Da euforia à depressão.
Nunca é fácil aceitar a vida nem o mundo. Mesmo assim, procuro alterar minha sensibilidade.
Eu nunca entendo nada quando estou alucinado. Só me entrego. Sem conclusões.

Sigo pra onde minha mente me leva.

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1. Saio pelo portão. Decisão idiota. Aquisição realizada.
2. 3 horas e meia de estrada. Encosto o carro; pequena trilha. Pé na areia.
3. Aumento o volume do som. Arctic Monkeys sempre foi a opção mais triste. Acelero.
4. Passo a mão pelo bolso. Hoje o céu não é o limite.
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1. A gente sempre tem um lugar especial. Um lugar diferente. Eu já não sei mais encontrar esse lugar na minha cabeça. A praia que mais amo está distante e a angústia não aguenta esperar. Sento no bloco de cimento que confere o caminho. Subida difícil: passei por aqui todos os dias durante anos na adolescência. Armas com uma unica bala sempre foram coisas poéticas. Ah, se o acesso não fosse restrito. Imagino tamanhas loucuras que o mundo já não teria vivenciado. Me calo e reflito.
2. A areia sempre foi a morada do meu coração. Aquele lugar era especial. Guardei-o em meio aos meus sentimentos na primeira vez que pisei lá. Meu paraíso particular. Molho os pés. Nunca estive aqui sozinho. Nunca estive aqui de noite. Nem parece que eu mataria ou morreria pra construir minha casa aqui, voltar no tempo, sequestrar o que ainda não tivesse potencial pra ser destruído e trazer pra morar comigo. Eu não sou uma engrenagem. Molho o rosto. Molho a cabeça. Mergulho.
3. Procuro não terceirizar. Sigo o caminho. Noite. Avenidas nem tão movimentadas quando entra o Rubel no palco do rádio. Seria esquisito se as depressões que cantam a vida não tivessem nomes. Marginal Tietê. Sigo quieto.
4. Mais um. Mais outro. Outra vez. Todos os limites da mente se permitem ruir - Onde eu vou chegar? Não importa. O que é que eu posso ver? Até onde minha cabeça vai? Como eu sou, por dentro? Cores. Deixo o corpo leve. Acabou, é só aproveitar.

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1. O frio. O anel gelado. O barulho. O breu.
2. A água. O sal. O fundo. O breu.
3. A fúria. O fogo. A queda. O rio. O breu.
4. A cor. O brilho. O chão. O breu.


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A Cura - 5. Acorda de manhã e vê o teto. Mais um dia comum. Sonho louco. Treinar. Tocar. Escrever.
Trabalhar... Só mais um dia comum.

Engulo a noite a seco. Mais uma. Sonho?
Sigo para onde querem que eu siga.



segunda-feira, 4 de setembro de 2017

"Sou folha seca no fim de verão
Semi-ótica rompida;
Eu sou a escuridão.

Sou o tempo que corre
entre cada estação
Em sua primavera mais linda

Sou a rosa no chão."

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Fenda-Furacão

No primeiro e saudoso
cruzar do nunca-mais
olhar
Arrebita pelos vãos
fendas-furacão
Daqui; de lá. Dela.

Arboriza teus encantos
no que se fizera c'alma
Ramifica, super-sonica
e sintoniza em contra-tempo

Todo contra-mão
Entro em tua mão.
Talvez não fosse tão correto.
De uma única vez, me percebo não tão solido.
Quase de areia.
Quase de açucar.

Um mundo inventado. Tão grande.
Tão sério e real. Tão pequeno.
Erguido por impulso; Gigante no peito.
Pequeno no mundo. Quem sou eu?

Quem fomos nós?

Te perdi em primeira instância.
Acreditei que aquela noite seria diferente.
Talvez, você já não tivesse mais a força
Que teve por nós dois. Eu nem vi.

Na tua rota sem rumo, trombou no amor.
No meu rumo, sem rota, trombei nada.
Centro. Sempre. Cama. Eu.
Quem fui eu? Ali, ninguém.

Adiante. Novas faces que surgem. Urgem
Não tão fortes. Não tão sérias. Nada
se não a imagem que não deixa a mente.
Te entregas à dor, mesmo além mar.

Assisto. Estático.

Talvez, os tijolos rachados
quebrados, molhados
que usamos para contruir
nossa morada

Tenham erguido algo tão lindo
Quanto as suas imperfeições.
Talvez nas rachaduras, desenhassemos
O caminho da cura.

Hoje não.
Hoje não.
Hoje...



domingo, 6 de abril de 2014

"escrevo aqui
minha fadiga
meu cansaço
meu desabafo
minha tristeza
meu desamor
meu sentimento
de paixão
de ódio
de dor
por dedicar
tempo de mais
por quem
por si
por nós,
a sós,
faz de um "ser"
o tormento de um 
"não estar"
juntos, próximos
casais, ortodoxos
E treme,
e saliva
e fica no peito
a lição de um defeito

chamado distância
chamado ignorância
chamado maldade
ornada de "saudade"

quinta-feira, 20 de março de 2014

"E essas águas de março
Fecharam o verão
Sem promessas de vida
No coração de ninguém.
São as folhas do outono
que cobrem o chão
e que os ventos de abril
nos impressionem, amém."

domingo, 16 de março de 2014

new way

De repente, me bateu
uma vontade
De transmitir o que eu penso
em versos

Pequenos,
Porém versos.


Pequenos universos.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Why?

Escrevi um texto, e perdi a vontade de postar.
Era pra ela. Era pra ela. Era pra ela.


Por que?