" Sente o sangue pulsar, sabendo que está vivo. Enquanto vivo ficar, pensando estará"

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Salvo a noite

E como em uma grande peça, as cortinas se abrem. Entramos afobados para o show da vida, contra o tempo que à espreita de um bom entretenimento, nos faz correr em um constante contratempo. A melodia que nos guia pelas linhas bambas dos violinos se desabrocham junto as flores dos cenários de um palco, onde reluzentes e perplexas, as verdadeiras linhas dominantes estão ligadas às mais doces e delicadas marionetes. Marionetes de pele e osso, cujo a carne costurada por um destino infiel foi consumida pelo domínio constante de mágicos, que com suas cartolas, fazem parecer acomodados aqueles que se aconchegam debaixo das asas da manipulação.

A triste sinfonia da tarde vem conduzida pelas mãos de um maestro fatigado, que com singelos movimentos circulares, transforma a vida ainda existente em um enorme poço de depressão, e carrega consigo todas as mágoas, tristezas, felicidades e quaisquer sentimentos restantes ao fundo do nada.

A vida verde refloresce diante dos escravos que trabalham para se libertar do seu passado e fazer da tempestade uma garoa, onde possam dançar ao leve som da liberdade. Liberdade que escraviza. Escravidão.  
Pois todos se tornam escravos ao pisar no palco do mundo. Escravos da vida, escravos dos trabalhos, escravos do amor. Escravos da liberdade.

A música da vida, que te guia através da sua peça, da sua sinfonia, age como um estase que com o seu charme quase hermético, domina as suas escolhas e se perde no olhar. No olhar frio e vadio que vara a noite, o oceano, o infinito, até fitar todo o meu corpo, este que já não tem mais graça.

Esse estase, essa música, esse teatro, esse papéis; Essa escravidão constante. Isso tudo... Vicia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário