" Sente o sangue pulsar, sabendo que está vivo. Enquanto vivo ficar, pensando estará"

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

" Sad "

(...)
" Vagava durante a noite, ao certo sem rumo. Seus olhos brilhavam encantados com as belas luzes brilhantes que haviam por todos os lados daquela gigantesca cidade. Paris, ah, Paris! A cidade Luz! A pequena garota andava pela calçada debruçando de vitríne em vitríne, tentando tocar todas as mercadorias caras e jóias raras que conseguia enxergar. As pessoas trafegavam tranquilamente, mas nenhuma sequer conseguia passar sem encarar àquela menina, mal vestida, suja e loira. Uma pequena garota loira. Ela não parecia se tratar de uma garotinha pobre, parecia que havia fugido de casa, ou quem sabe se perdido. Ninguém sabia ao certo de onde ela vinha, de onde era, da onde surgira e quando apareceu por lá. "
- Com licença, senhor... - Aproximou-se de um velho mendigo, repousado de baixo de uma tenda.
- Hum... O que você quer, minha jovem? - Tragava seu cigarro calmamente.
- Ando à dias sem rumo, não sei ao certo para onde eu vou. Para falar a verdade, não sei ao certo nem quem eu sou.
- Sente-se aí garota. Sou um mendigo, vivo somando placas de carros e decorando marcas de sapatos de couro de pessoas que passam na rua. Sem isso, morrería de tédio. - Dizia o senhor, esbanjando um leve sorriso enquanto apagava o cigarro. A garotinha aconchegava-se no chão duro, acomodando-se sobre um lençol rasgado cujo próprio mendigo estendera para a mesma.
- Não sei quem eu sou, não sei o que eu devo fazer. Policiais já me perseguiram, acho que fiz algo errado. O senhor sabe me dizer se eu fiz algo errado?
- Não tenho como, filha. Te conheci há longos três minutos! Mas acredito que você não deveria se preocupar, afinal, a angústia de não saber quem você é só consome a tristeza de saber quem você realmente é. As vezes sua história pode ser tão trágica quanto a de um velho mendigo como eu.
- O senhor tem toda a razão, muito obrigada. - Levantou-se, e seguiu em direção à rua.
  O farol bloqueava a passagem dos automóveis, quando a atenção da menina se voltou para um jornal no chão. Bateu o olho rapidamente:

                      " Informações sobre os desaparecidos do Orfanato ainda são esperadas. Após o incêndio, 52 crianças morreram, e 15 estão desaparecidas. "

 Sentia-se tonta. Parecia algo comum, a saúde desta garota não deveria estar em dia. Andou adiante, hipnotizada pelas luzes correntes, uniformes. Não conseguia identificar formas, sua pressão estava caindo. Não, ela não estava nada bem.
  Duas viaturas aproximavam-se do local. O corpo da garota estava estendido no chão. O motorista culpado estava desesperado, não sabia o que dizer, apenas explicava ao policial, que anotava:
- Eu andava em velocidade moderada, e o farol estava aberto! Essa garota apareceu do nada, não tive como parar! Ah, Deus!
  Os médicos examinavam o corpo da garota.
- Ela teve intoxicação. Deve ter desmaiado no meio da rua, e foi atropelada. Pobre garota. - Disse um dos médicos, erguendo sobre ela um pano branco.
- Não me importo com isso, leve-a embora. Quero saber quanto tempo o seguro vai levar para cobrir o meu capô amassado!

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