" Sente o sangue pulsar, sabendo que está vivo. Enquanto vivo ficar, pensando estará"

terça-feira, 16 de novembro de 2010

" With You "

(...)
" Ela chorava perdidamente, ajoelhada defronte ao banco de concreto. Suas pernas doíam, seu peito doía, seu corpo inteiro doía, mas não mais do que a sua alma, seu coração ferido. Ela só queria saber o porque, porque de sangrar a cada passo, porque de ser condenada àquele destino  repleto de sofrimento e desprezo. Como se não bastasse, toda a conduta de confiança alimentada durante toda essa jornada sangrenta fora abruptamente interrompida. Um único erro, uma série de acontecimentos, uma série de tragédias.
  Inconformada, levantava cambaleante. Não tinha rumo, não tinha vontade de viver, não tinha nada. Andava em linha reta, e rezava para que a droga do mundo desabasse na sua frente, só para ela poder cair em um precipício sem fim, que à levasse para algum lugar com mais sentido do que a sua própria vida. Não queria ir para lugar algum, mas seu corpo carregava-a para a direção do vento, esse que parecia também soprar contra a sua vontade.
 - Você está pálida, e parece estar com frio. Ficar triste e abalada é inevitável, mas não deixe sua vida acabar por isso. - Disse uma boa alma, abraçando-a.
 - Não quero estar mal, não quero mais lembrar disso, sou desprezada! Isso me mata!
 - Se acalme, vamos sentar. Você tem o meu ombro, pode chorar a noite toda. - Disse dirigindo-se ao banco.
  Sentaram-se, e este abraçou-a de modo que ela tivesse seus braços sobre a face. Chorou como nunca houvera chorado, filtrou a sua alma de todas aquelas mágoas venenosas que lhe abatiam. Em seguida, pegou no sono.
  Sem se importar, ele a apoiou e esteve ao seu lado até que se sentisse bem. Boas almas, ah, tão raras estas. Repletas de boas intenções e más compreenções, cobertos de razão e abatidos de emoções. Sempre dispostos a ajudar... Aliás, mal sei se existem muitas dessas pessoas, só sei que esse homem é, e se não é, busca ser uma delas. Ele teme, ele teima, ele sofre, e como sofre! Mas não fraqueja, não desiste e nem resiste à vontade de decidir a sua vida de uma maneira clara, limpa e direta. A triste conduta de uma boa alma solitária, infeliz, que celebra esta vida iludindo-se com novas aventuras, de eternas falsidades e sentimentos magníficos. Soubera vós que a infelicidade não se esvai, mas ao certo deixa rastros. Soubera vós que as dores não se curam, são eternas, ou então não teriam todo esse valor sentimental. E por menos importante, quisera que soubesse que aquele homem, era eu. "
(...)

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