" Sente o sangue pulsar, sabendo que está vivo. Enquanto vivo ficar, pensando estará"

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Reino do Amanhã

    Olá, este sou Eu. Eu, no caso, sou Nada na terra que habito, também conhecida por terra de Ninguém. Terra de Ninguém, por que Ninguém, e apenas Ninguém, é o dono dela. Nesse lugar, ser Nada é simplesmente comum, pois se existe Alguém por quem Ninguém se sacrifique, Nada sofrerá uma submissão, e portanto, enquanto Ninguém sofre por Alguém, Nada sofre por todos. Todos sofrem pela terra. Alguém pode ser o salvador do desfecho da história, porém existe Algo mais forte, que lhe impede de proceder com Aquilo. Desvalorizado, angustiado e completamente desolado, Alguém procura a solidão como saída para solucionar os problemas residentes em Algo, pois a vontade de proceder com Aquilo, em suma, se resume no amor que Alguém sente por Ninguém. Ninguém entende Alguém, enquanto Nada, no caso Eu, coloca-se a esperar uma resposta de Algo, perante um resultado D'Aquilo. Eu aro a terra. Eu planto as sementes. Eu preparo pra guerra. Eu enforco serpentes. Ninguém colhe meus frutos, Ninguém mata os dragões. Porém Ninguém sofre os furtos e sente as piores emoções. Enquanto isso, Alguém se farta de riquezas, se infla de certezas e enaltece sua beleza. Sabes que é amado. Alguém, com certeza, é amado. Mas é só. Completamente só. Por que o amor que Ninguém sente por Alguém, não é o suficiente para que Algo se pronuncie, ou para que Aquilo aconteça. Algo é escuro, algo é o fim e Aquilo é sua navalha, seu punhal, sua saída, seu atalho. Todos morrem pela terra. A terra porre por todos. Ninguém procura Alguém, mas este já se foi. Alguém deixa pra trás as esperanças, junto com a vontade de Algo acontecer. Aquilo é rápido, não deixa rastros. Alguém se vai para sempre, enquanto Ninguém morre por isso. Nada consegue ser forte e resistir a tal tristeza. Nada é resistente. Nada sabe que Algo é o fim... Ninguém sabia que Aquilo era a melhor saída para o seu sofrimento. Ninguém sabia de tudo, se não não seria o rei de sua terra. Rei da terra de Ninguém, onde todos morrem pela terra, onde Eu, sou Nada.

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